Estabelecida a relação entre a Hemoglobina glicada (HbA1c) como marcador de controlo glicémico e o risco de complicações microvasculares na Diabetes mellitus (DM), são vários os métodos cuja cadeia de rastreabilidade metrológica está implementada. Atualmente, a HbA1c foi incluída como critério de diagnóstico da DM; no entanto, o impacto das variáveis analíticas e biológicas sobre os resultados analíticos e a classificação de diabetes não podem ser subestimadas, limitando a sua precisão em refletir a “verdadeira” glicemia.
As interferências analíticas, das quais se destacam as Hemoglobinopatias (talassemias e variantes de hemoglobina) e a persistência hereditária da Hemoglobina fetal (HbF) ou o aumento da HbF, têm sido alvo de estudo para a maioria dos métodos HbA1c, contudo o real impacto sobre a determinação da HbA1c carece de exploração.
Relativamente às interferências biológicas – anemia hemolítica; perda aguda de sangue; variantes de hemoglobina no estado homozigótico (ex.: Hb SS; HbCC); dupla heterozigotia (ex.: HbSC) – afetam o tempo de semivida eritrocitário; outras aumentam o turnover eritrocitário – tratamento com eritropoietina recombinante humana; suplementação em ferro; gravidez – recomendando-se uma interpretação clínica criteriosa dos resultados de HbA1c.
Apesar das limitações analíticas e biológicas, a HbA1c é o marcador biológico que melhor reflete a glicemia média estimada. Contudo, nos últimos anos, tornou-se claro que outras proteínas glicadas (fructosamina e albumina glicada), assim como a 1,5- anidroglucitol (1,5-AG) podem constituir marcadores de interesse complementar HbA1c, devendo o clínico estar familiarizado com as suas aplicações, enquanto marcadores alternativos de monitorização do controlo glicémico.