A relação entre cancro e DRC é multifacetada. DRC é frequente em doentes com cancro e o tratamento oncológico contribui para perda de função renal ao longo do tempo. Para além disso, a incidência de cancro é crescente a nível mundial, acompanhada do aumento da sobrevida destes doentes. A avaliação da função renal no doente oncológico tem impacto direto em três pontos principais: 1) Dosagem de fármacos; 2) Seleção de quimioterapia e 3) Elegibilidade para ensaios clínicos. Por um lado, a sobreestimação da função renal pode levar a sobredosagem ou a seleção inapropriada de determinado fármaco propiciando toxicidade. Por outro lado, a subestimação da função renal pode levar a subdosagem ou exclusão inapropriada de determinado agente terapêutico com consequente falência terapêutica. Assim, torna-se óbvia a importância de determinar a função renal da forma mais fidedigna/precisa possível. A creatinina, marcador endógeno mais utilizado para estimar TFG a partir de fórmulas desenvolvidas, apresenta algumas limitações, nomeadamente em situações em que a sua produção/excreção possa estar alterada. Não há guidelines universais que estabeleçam qual o melhor método para estimar TFG no doente oncológico. O papel da utilização de outros marcadores, como por exemplo a Cistatina C, é discutido.